A Secretaria de Estado de Justiça (Seju), por meio da Coordenadoria de Monitoramento de Direitos Violados (CMDV), realizou nesta quinta-feira (24), a abertura do evento intitulado “Escalpelamento: a lei precisa ser cumprida”, que tem como objetivo chamar a atenção para a problemática e estimular o cumprimento da Lei n°11.970, de 6 de julho de 2019, que tornou obrigatório o uso de proteção no motor, eixo e partes móveis das embarcações. Nesta manhã, foram realizadas palestras gratuitas ao público que transita pela Seju e convidados, como alunos de instituições públicas e privadas, a fim de estimular a conscientização dessas pessoas.
De acordo com o secretário adjunto da Seju, Raimundo Feliz, neste mês de agosto, celebra-se o Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, a transcorrer no próximo dia 28. A data foi instituída pela Lei nº12.199/2010. O objetivo do evento destes dois dias é também chamar a atenção para esse marco. “Vamos trabalhar o escalpelamento no sentido de divulgar o problema e orientar a população que utiliza as embarcações, principalmente as menores, como meio de transporte. Sabemos que esse é um assunto delicado, que envolve diversos órgãos, e nós estamos trabalhando em conjunto para prevenir esse tipo de acidente, tão sério e ainda tão recorrente na nossa região”, frisou.
A assistente social Alessandra Almeida é voluntária da ONG dos Ribeirinhos Vítimas de Acidente de Motor (Orvam) e ressaltou a importância desse tipo de iniciativa. “Estamos no mês de combate ao escalpelamento e o nosso trabalho específico da Orvam ocorre no pós-acidente, quando buscamos devolver a essas mulheres a autoestima e inseri-las de volta à sociedade, por meio da confecção de perucas, com materiais doados pela sociedade em geral. Também fazemos o encaminhamento dessas mulheres para receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), já que elas muitas vezes não podem mais trabalhar, por ficarem muito lesionadas, e elas precisam desse apoio”, explicou ela, acrescentando que a Orvam já atua há 12 no Estado.
Durante a programação, também foi aberta uma exposição de fotografias que retratam o problema do escalpelamento de maneira bastante real. As fotografias foram posicionadas no hall de entrada da Secretaria e poderão ser visitadas pelo público até às 12h da próxima sexta-feira (25).
Anny Almeida é uma das mulheres que passaram por esse acidente. Ela fez questão de dar o seu depoimento ao público presente para chamar a atenção à questão, que pode mudar a vida de alguém para sempre. Ela contou que sofreu o acidente há 15 anos, em um rio próximo ao município de Mocajuba, no Baixo Tocantins, e já passou por sete cirurgias de lá para cá. “Eu tomei essa decisão, de trabalhar a questão do escalpelamento na forma da prevenção, porque eu não quero que outras pessoas passem pelo que eu passei e continuo passando, pois é um tratamento para o resto da vida, que deixa traumas e sequelas. O meu objetivo é que o escalpelamento seja extinto”, compartilhou.
A psicóloga da Santa Casa, Jureuda Guerra, também participou do momento e falou sobre o trabalho da Fundação no atendimento às vítimas do escalpelamento. “O acompanhamento, nesses casos é para sempre. Estamos falando de um acidente terrível, que precisa ser enfrentado e a Santa Casa dá toda a retaguarda para essas vítimas. No entanto, a gente precisa contar mais com o apoio dos municípios, pois nós sabemos os locais de maior incidência dos acidentes e eles continuam acontecendo. Pelo menos uma vez por mês temos alguma ocorrência”, lamentou.